O negro em prosa,
verso e imagem.
A Lei Áurea, sancionada em 13
de maio de 1888, foi a lei que extinguiu a escravidão no Brasil. Foi precedida
pela lei n.º 2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 de setembro de 1871, que
libertou todas as crianças nascidas de pais escravos, e pela lei n.º 3.270 (Lei
Saraiva-Cotejipe), de 28 de setembro de 1885, que regulava "a extinção
gradual do elemento servil".
Foi assinada no Paço Imperial
por Dona Isabel e pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva às três horas da tarde
do dia 13 de maio de 1888. O processo de abolição da escravatura no Brasil foi
gradual e começou com a Lei Eusébio de Queirós de 1850, seguida pela Lei do
Ventre Livre de 1871, a Lei dos Sexagenários de 1885 e finalizada pela Lei
Áurea em 1888.
O
mês de maio é rico em comemorações e, particularmente, o dia 13 de maio suscita
muitos debates. Sabemos que a libertação dos escravos, assim como a extinção do
tráfico foi uma enganação. A verdade é que mais de 300 anos de regime
escravocrata marcaram cruelmente a história do negro no Brasil. A intenção é
mostrar através do livro que o negro tem seu valor, suas verdades, sua
virilidade. Trata – se de uma obra a nos ensinar a conhecer um pouco mais da
nossa história.
Após
a abolição, a vida dos negros brasileiros continuou muito difícil. O estado
brasileiro não se preocupou em oferecer condições para que os ex - escravos
pudessem ser integrados no mercado de trabalho formal e assalariado. Muitos
setores da elite brasileira continuaram com o preconceito. Prova disso, foi a
preferência pela mão – de - obra europeia, que aumentou muito no Brasil após a
abolição. Portanto, a maioria dos negros encontrou grandes dificuldades para
conseguir empregos e manter uma vida com o mínimo de condições necessárias
(moradia e educação principalmente).
Para
falar sobre o tema e o seu livro, convidamos a professora Sonia Alves para
contar um pouco mais sobre o assunto. Sonia que sempre foi uma apaixonada pelo
tema, cursou pós – graduação em História da África e do Negro no Brasil para
melhor entender a trajetória dos seus antepassados e conhecer as suas raízes.
Folha do Centro - Qual é o significado do dia 13
de maio na história do Brasil?
Sonia - O Brasil foi o último país do
mundo a abolir oficialmente a escravidão e, apesar dessa data ter sido apenas
circunstancial, não podemos esquecer o papel importante dos abolicionistas: José
do Patrocínio, Nabuco, Luís Gama, Castro Alves, Visconde do Rio Branco.
Folha do Centro - É verdade que os índios não
foram escravizados por causa do seu instinto de liberdade e que o negro aceitou
essa condição com submissão?
Sonia - Mentira. Os portugueses tinham
dificuldade de capturar os índios, pois não conheciam as matas, e mesmo assim
um quantitativo expressivo de índios foi aprisionado e escravizado. Os negros
nunca aceitaram a perda da liberdade e nenhum homem nasceu para ser explorado,
ter a sua dignidade pisoteada.
Folha do Centro - O titulo do livro “O negro em
prosa, verso e imagem” é sugestivo. Explique:
Sonia - Na prosa abordei a
invisibilidade intelectual do negro no Brasil. Por resquício escravista, só
destacam as habilidades do negro no samba, no futebol, e as mulheres no sexo.
Por que não mostrar os intelectuais? Por que Lima Barreto ficou esquecido?
Porque foi um escritor que levantou a voz em favor dos negros, pobres
marginalizados. Na cidade existe apenas uma escola municipal na zona norte com
seu nome e agora temos o seu busto na Rua do Lavradio. Quanto aos versos,
coloquei em cada poema uma menção a desconstrução do preconceito. As imagens
mostram a beleza do negro, como parte de um painel étnico e também inserido no
contexto intelectual. Felizmente rompemos a couraça do silêncio e os debates
estão acontecendo, surgem muitos escritores negros apropriando desse direito
que lhe foi negado durante tanto tempo. A sua história sempre foi escrita pela
elite que o escravizou.
O
livro está à venda no Projeto Dançarte, que fica localizado na Av. Henrique
Valadares, 139/3º andar, Centro.
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