Hospital de Padre Miguel realiza procedimento raro em recém-nascido

O Hospital de Clínicas Padre Miguel (HCPM), que fica na Zona Oeste do Rio de Janeiro, realizou um procedimento raro em um recém-nascido prematuro para o tratamento de complicações de uma enterocolite necrotizante, uma grave inflamação no intestino. Depois de passar por uma luta contra a doença, em que foram necessárias cinco cirurgias em quase seis meses de internação, o menino já teve alta e passa muito bem.
Segundo a chefe da UTI Neonatal do HCPM, a Dra. Amanda Félix, em crianças com enterocolite faz-se de tudo para evitar a cirurgia. No entanto, nesse caso, havia indicação por suspeita de perfuração intestinal. Ela relata ainda que a confiança que a família depositou na equipe foi essencial para a condução de um caso tão difícil. “O bebê tinha dificuldade de se alimentar por causa de obstruções intestinais seriadas. Cada nova cirurgia gerava medo e ansiedade para os familiares, mas, ainda assim, eles demonstravam muita confiança”, conta a médica.  
A descrição desse caso foi apresentada pelo cirurgião pediátrico Dr. Douglas Machado Caetano, em formato de pôster, no XI Congresso do Cone Sul da América, em Gramado, o CIPESUR 2015, entre os dias 19 e 22 de outubro.
O estudo, de nome completo Tratamento de Lactante com Bridas de Repetição Pós-enterocolite Necrotizante por Imobilização com Tubo Longo Intraintestinal: Relato de Caso, foi aprovado pelo XI Congresso Sul-americano de Cirurgia Pediátrica e descreve o caso do paciente que, depois de três dias de nascido, apresentou um quadro de enterocolite necrotizante, que significa uma grave inflamação no intestino. 
De acordo com o Dr. Douglas, “a doença apresenta  alto índice de mortalidade, aproximadamente 20% a 40%, e acomete cerca de três a quatro bebês entre mil. Em 90% dos casos, a enfermidade ocorre em pacientes prematuros, muitas vezes com necessidade de intervenção cirúrgica, seja na fase aguda, seja para o tratamento de complicações tardias, como é o caso das bridas ou aderências intestinais obstrutivas, que quer dizer que as alças aderem umas às outras e impedem a passagem do conteúdo intestinal”, explica.
Um possível diferencial nos procedimentos realizados nesse recém-nascido foi a aplicação de uma técnica adaptada para que as aderências intestinais, que em geral são inevitáveis e imprevisíveis, se formassem de modo organizado e sem causar obstruções. Na cirurgia, que durou sete horas, foi introduzido um cateter longo, de silicone, por meio do apêndice, que percorria todo o intestino delgado, no qual permaneceu por 15 dias para imobilizar as alças intestinais durante o pós-operatório inicial. O procedimento utilizado – fundamental para a recuperação do bebê –, apesar de ser bem estabelecido em adultos, possui raríssimos relatos de aplicação em crianças em periódicos científicos mundiais, não tendo sido encontrada nenhuma descrição publicada de realização anterior em recém-nascidos ou lactentes no Brasil, de acordo com levantamento realizado pelo cirurgião pediátrico.
Após a alta, que aconteceu no dia 16 de setembro, a família esteve no hospital algumas vezes para visitar a equipe e demonstrar sua gratidão. O primeiro retorno foi para o follow up, quando, 48 horas após a alta, a família é incentivada a levar o paciente para o hospital para uma reavaliação feita pela equipe de enfermagem, representada pelas enfermeiras Geórgia e Verônica, para sanar possíveis dúvidas que tenham surgido após a alta e verificar se está tudo bem com o bebê. 

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