Praça da Cruz Vermelha continua abandonada

Apesar das obras na área boêmia da Lapa, que abriram espaços em calçadas para os bares, a praça continua entregue à sujeira e à desordem 

Autoridades adiam revitalização na Praça da Cruz Vermelha

A revitalização do Centro enfim foi realizada, em especial a região da Lapa, com reforma dos casarões antigos, obras em algumas ruas e investimentos de vários grupos imobiliários. Tudo isso contribuiu para a valorização do bairro, mas a Praça da Cruz Vermelha continua esquecida pelo Poder Público.

A praça é o retrato da degradação. São lâmpadas queimadas, sujeira, mau cheiro, brinquedos quebrados e mendigos, muitos mendigos. Os freqüentadores, na maioria idosos e crianças, são obrigados a dividir o espaço com moradores de rua, que fazem do local o sua sala de estar, quarto, cozinha e banheiro. Os mendigos dormem nos bancos, tomam banho, se alimentam e até fazem necessidades fisiológicas no mesmo lugar em que as crianças brincam.

Os moradores afirmam também que a falta de segurança é um dos grandes problemas da Praça, pois não há nenhuma viatura da PM ou da Guarda Municipal fazendo rondas no local. Vândalos também ajudam a degradar ainda mais o lugar, destruindo brinquedos e fazendo pichações. Usuários de drogas consomem livremente substâncias entorpecentes na praça.

“A questão que diz respeito à GM-Rio é o patrulhamento. A Praça da Cruz Vermelha está incluída na área de atuação da 1ª Inspetoria (Centro) e do 1º Grupamento Especial de Trânsito (Centro). A 1ª Inspetoria realiza patrulhamento na região com viaturas em horários imprevistos e também dá apoio a operações constantes que são realizadas pela Secretaria Municipal de Assistência Social na região. Já o 1º GET mantém dois guardas de trânsito que atuam na Praça da Cruz Vermelha e na Rua do Riachuelo, em turnos, das 6h às 21h”, afirma, por e-mail,  a Assessoria de Comunicação Social da GM-Rio.

“Eu sei que muita gente está na rua porque não tem onde morar, mas aqui é diferente; muitos são vagabundos, e ficam bebendo cachaça o dia inteiro. Aqui, da minha janela dá para ver o movimento da Praça. Eu detesto esse lugar. No final de semana prefiro levar meus filhos para o Aterro; lá não é tão sujo quanto aqui”, conta a auxiliar de enfermagem Maria do Socorro.

A última obra realizada pela Prefeitura na Praça da Cruz Vermelha foi em 1997 dentro do projeto Rio Cidade. Mas com a falta de manutenção e o descaso das autoridades, nem parece que a praça foi, um dia, reformada. A Associação de Moradores da Praça da Cruz Vermelha e Adjacências (AMACVA) já enviou propostas para melhorar as condições do local. Uma delas seria o gradeamento da praça. O projeto, no entanto, foi vetado pelos técnicos da Prefeitura porque o cercamento não é “compatível com o tamanho e nem com a estética do local”. A AMACVA solicitou ao 13º BPM a implantação de uma cabine, mas também foi negada pelo Instituto Pereira Passos.

“A Secretaria de Conservação e Serviços Públicos informa que, na Praça Cruz Vermelha, equipes da Comlurb realizam diariamente varredura e remoção de resíduos, além da lavagem no local, diariamente entre 4h e 5h. A Secretaria afirma ainda que uma vistoria foi realizada no dia 19 de março e não foi identificado nenhum brinquedo danificado. “A RioLuz fez manutenção e normalizou circuitos de iluminação na esquina da Praça da Cruz Vermelha com a Rua Carlos Sampaio e fez correção de 6 lâmpadas apagadas à noite e acesas durante o dia” afirmou, também por e-mail,  a Assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos.

Praça nasceu em lugar de morro

A Praça da Cruz Vermelha foi construída no local onde ficava o Morro do Senado que foi demolido entre 1880 a 1906. A Praça mantém um conjunto de prédios do início do século XX. É um ponto importante da cidade porque, além do ponto de vista da integração urbana, abriga dois importantes hospitais: o Instituto Nacional do Câncer e o Hospital da Cruz Vermelha, que ocupa um prédio de grande beleza, projetado pelo arquiteto Pedro Campofiorito, inaugurado em 1923. Praças circulares no cruzamento de ruas movimentadas são marca do urbanismo de Pereira Passos.

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